IDM: entre a orfandade e a miopia do poder público. Amaudson Ximenes

 

IDM: entre a orfandade e a miopia do poder público

A polêmica do Instituto Dragão do Mar (IDM) em relação aos cachês dos artistas, músicos e produtores em atraso, entrou na pauta do Conselho Estadual de Política Cultural. A discussão não foi diferente de outros locais (redes sociais, fóruns, assembleias e mesas de bares). São muitas as interrogações em torno da questão: falta de pessoal qualificado para acelerar os processos, insuficiência tecnológica para auxiliar e agilizar em menor período a documentação dos reclamantes, acúmula de demandas de outros equipamentos culturais do estado, antes o IDM só cuidava do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Presentemente, acumula mais de uma dezena de equipamentos, entre eles: o Centro Cultural Bom Jardim, Theatro José de Alencar, Cine Teatro São Luís, Vila da Música no Crato, entre outros. A falta de envio de documentação por parte dos reclamantes também foi citada pelo representante do IDM. A ausência de repasse por parte da SECULT-CE ao IDM também foi citada na reunião, inclusive, uma circular foi distribuída aos reclamantes através de e-mail. A informação foi prontamente desmentida pelo Secretário da Cultura: “A SECULT-CE não deve nada ao IDM”.

Foram muitos questionamentos, uma série de perguntas e respostas, muitas delas não respondidas, outras respondidas pela metade. Me chamou atenção uma comparação feita por uma colega de Conselho, a nossa Vice-Presidente; na ocasião comparou a SECULT-CE a um pai que não acompanha o crescimento e a educação do filho, ou seja, repassa dezenas de milhões todo ano ao IDM e não cobra responsabilidade do mesmo. Outro colega, representante do Ministério Público Estadual, corroborou a comparação da colega, dizendo-se surpreso com a desorganização, a informalidade e a falta de transparência e zelo com os recursos públicos.

Vou mais além, colegas, o problema não são os pais do garoto, os pais até tentam educá-lo, mas a rebeldia do filho é grande. Geralmente, quando é repreendido pelo pai, busca o apoio dos avós e de um tio-avô com muita influência e autoridade sobre o seu pai e até sobre os seus avós, desautorizando-os toda vez que o filho é reprendido com mais veemência.

Portanto, é uma questão séria, que necessita de uma solução urgente e eficiente. O problema perdurou durante toda a gestão anterior e ainda persiste. É debatido, reclamado, mas não tem solução. Utilizando-se ainda da metáfora da família, o pai, os avós e o tio-avô precisam se entender e intervir na educação do garoto, a fim de que o mesmo não promova mais desarmonia na família, nem crie problemas futuros que venham a manchar a sua reputação.

Amaudson Ximenes Veras Mendonça é integrante do Conselho Estadual de Política Cultural, representante da Música. É diretor-presidente do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Ceará.