Notas sobre Política Cultural em Fortaleza.
O debate sobre o atraso de pagamento de Editais Culturais é prática recorrente nas políticas culturais, tanto do estado quanto do município, sendo alvo de críticas e de manifestações por parte da classe artística, da mídia e dos parlamentos. Também é alvo de cobranças nas reuniões dos Conselhos Municipal e Estadual de Política Cultural. E hoje, mais uma vez estamos aqui para debater sobre o assunto.
Pela minha trajetória dentro do campo cultural percebi que os atrasos acontecem por duas razões básicas, a primeira: falta de planejamento do gestor de plantão, que comete o erro de lançar um Edital sem o dinheiro “estar escutando a conversa”, ou seja, o Edital é lançado, comemorado pelos gestores, pela classe artística, mas no momento de realizar o pagamento, permanece o impasse maior, o jogo de “empurra-empurra”.
No caso do município de Fortaleza, fica o “pingue-pongue” entre a SECULTFOR e a SEFIN. Já escutei demais: “O recurso já foi empenhado, falta só a SEFIN liberar e mandar pagar”. E isso não acontece somente na gestão atual, na gestão passada também ocorria da mesma forma, inclusive, foi deixada uma dívida para a gestão atual pagar. Também ouvi demais: “Tá faltando só o Secretário de Finanças assinar”. E tome esperar! E tome as taxas dos bancos a crescer, porque as contas dos projetos já foram abertas a tempos! E tome decepção e desapontamento!
Por outro lado, a falta de prestígio político da Pasta de Cultura também contribui para que os atrasos aconteçam. Fico a imaginar se falta recurso, se existe atraso de pagamento nas obras de construção da Av. Aguanambi, por exemplo. Será que tem empresário, empreiteiro, de “pires na mão” reclamando do atraso no pagamento? Será que o Secretário de Infraestrutura recebe o mesmo tratamento do Secretário de Cultura de Plantão?
Outro questionamento: A Mostra de Música Petrúcio Maia, pelo andar da carruagem, não vai acontecer, apesar do Festival da Juventude 2017 ter anunciado no ato de sua inscrição que os seis finalistas iriam participar do evento. Petrúcio Maia 2017 tem que ter!!!
Outro questionamento: A Escola Municipal de Música, foi apontada pelo Plano Municipal Setorial de Cultura como uma necessidade. O debate vem sendo feito com a categoria, inclusive, uma solicitação foi feita por mim, enquanto representante da linguagem música no Conselho Municipal de Política Cultural, para que a SECULTFOR inserisse o projeto no novo organograma da Vila das Artes, como fez com a linguagem do circo e do teatro. Estamos aguardando uma resposta!
A meu ver, a Cultura, o Campo Cultural e os seus trabalhadores não são tratados como deveriam, a desigualdade, a disputa, as preferências da gestão refletem bem o que vem acontecendo atualmente com a política cultural do município e também em nível estadual.
Muito obrigado, e Fora Temer!!
Amaudson Ximenes Veras Mendonça, é sociólogo, diretor-presidente do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Ceará, fundador da Associação Cultural Cearense do Rock. Atualmente é conselheiro municipal e estadual de Política Cultural.